Não sou de Castelo Branco, estou de passagem. Não conhecia a Verónica. Para ser sincero, por muito que para alguns pareça macabro, gosto de visitar cemitérios, são locais de paz e que nos contam histórias incríveis. Passei pelo túmulo da Verónica, parei, chamou-me a atenção a juventude e a beleza. «Isso, isso». Reparei estar ao lado do senhor Amável, que, reparei, hoje faria 50 anos. Dei-lhe os parabéns e nesse preciso momento caíram na minha cabeça folhas da árvore que faz sombra ao túmulo. Não dou qualquer interpretação. Sou religioso, mas não místico, mas fiquei a pensar que seria uma forma bonita de dizer obrigado aos meus parabéns pelos 50 anos. Fiquei a pensar na mãe da Verónica (e esposa do senhor Amável?). Deus não devia permitir que uma só pessoa passasse por tantas provações. Mas quem sou eu para julgar Deus? O meu abraço à mãe da Verónica e restante família. Um estranho, forasteiro, num cemitério grande chorou a partida da Verónica e o Amável. Nem imagino a dor dos que de facto a conheciam e amavam.